George Gessert

 Os microscópios revelam mundos invisíveis a olho nu, mas por mais que as revelações sejam inspiradoras, é provável que nos confrontem com os limites de nossa compreensão. Como escreve Steven White, “… arrebatamento! Mas e depois?”.  
    Microorganismos, células e moléculas orgânicas aparecem em um número razoável de obras de arte, inclusive de Kandinsky, Jean Arp, Max Ernst, Terry Winters, Suzanne Anker, e Gary Schneider. Tal arte surge de e tem contribuído para uma narrativa cultural darwiniana de que toda a vida é parente. No plano microscópico, o aspecto humano e não humano é tão parecido que pode ser difícil de distinguir, mesmo por especialistas.
    Steven White e a especialista em microscopia confocal Jill Pflugheber criaram imagens extraordinariamente belas de células e tecidos alucinógenos de plantas. Formas crispadas e cores fluorescentes parecem flutuar na escuridão. Os microscópios confocais são muito caros, e usados quase exclusivamente em laboratórios, onde a coleta de dados é a principal preocupação, não a estética ou as narrativas culturais. Na arte, prevalece o contrário: a experiência estética e as narrativas culturais são centrais (mesmo quando os artistas as questionam, ignoram, ou desprezam). As imagens de White e Pflugheber celebram a ciência enquanto evocam estados de sonho e visões de drogas. Nessas obras, o parentesco vai além da evolução biológica para incluir relações inerentes aos componentes básicos e às energias da vida. Os usos indígenas dos alucinógenos exploram alguns do mesmo território.
  Imagens bonitas e solenes das plantas podem produzir um sentido do sagrado, e nos lembram do que pode ser perdido. Estamos em meio a uma extinção em massa. Se alguma espécie em particular sobrevive ou não, inclusive nós, o cumprimento está onde sempre existiu, em conexão. Como somos parentes, podemos encontrar plantas em nós mesmos, e nós mesmos em plantas. As imagens de Steven White e Jill Pflugheber são bem-vindas.

George Gessert, artista e escritor. Autor de Green Light: Toward an Art of Evolution.

     

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