Mimosa tenuiflora

Em uma visão geral da composição química e dos usos da Mimosa tenuiflora, Sara Lucía Camargo-Ricalde afirma que, apesar da tradição contemporânea estabelecida dessa planta como medicamento popular mexicano para o tratamento eficaz de problemas de pele, queimaduras e feridas, a autora não encontrou referências pré-hispânicas aos usos medicinais da tepescohuita em fontes importantes, como o Códice Badiano de Martín de la Cruz, a Historia de las plantas de la Nueva España de Francisco Hernández de la Cruz e o Códice Florentino compilado por Fray Bernardino de Sahagún. Além disso, ela não conseguiu descobrir nenhuma indicação de que a Mimosa tenuiflora (anteriormente conhecida como Mimosa hostilis) seja usada atualmente por diferentes grupos étnicos (como os Zoques, Mixes, Popolocas, Huaves e Zapotecos) na região geográfica onde essa árvore cresce no México. Etimologicamente, a origem Náhuatl do nome da árvore refere-se à dureza de sua madeira, uma árvore de ferro: tepus-cuahuitl. Camargo-Ricalde parece lamentar o fato de que a Mimosa tenuiflora contém “certos alcaloides” que podem ser um obstáculo para o sucesso da comercialização da planta em produtos de venda livre. Pedro Cadena-Iñiguez também adverte sobre o perigo potencial de certos metabólitos não especificados na planta que podem produzir o que ele chama de “efeitos indesejáveis”. Seja como for, a renomada atriz Salma Hayek disse que o uso de cosméticos contendo tepescohuite na forma de loções e sabonetes (alguns dos quais ela está vendendo on-line) evitou que ela precisasse fazer tratamentos de botox! 

De fato, descobriu-se que a Mimosa tenuiflora (chamada de Jurema no Brasil) é rica em N, N-dimetiltriptamina (DMT) e é usada na preparação de uma bebida potente chamada vinho da jurema, usada ritualmente por grupos religiosos afro-brasileiros contemporâneos, como o Catimbó, Umbanda e Candomblé, especialmente em Pernambuco, no nordeste do Brasil (consulte o fascinante artigo de Maria Thereza Lemos de Arruda Camargo, “Contribuição ao estudo etnofarmacobotânico da bebida ritual de religiões afrobrasileiras denominada “vinho da Jurema” e seus aditivos psicoativos”). Ainda não foi esclarecida a identidade do inibidor da MAO nos ingredientes da preparação da Jurema. Seria o Cyperus, conhecido no Brasil como dandá ou junça e no Peru como Piri Piri? Talvez a resposta possa ser encontrada nos estudos fitoquímicos recentes realizados por José Jailson Lima Bezerra (ver também Dobolyi, Guajac, Sayed e Xue sobre uridina e Cyperus) que estão incluídos na Bibliografia de Microcosmos.  Christian Rätsch, em sua Encyclopedia of Psychoactive Plants, documenta o uso indígena da Mimosa tenuiflora na região amazônica oriental entre os Pancarú, Karirí, Tusha e Fulnio.  Rätsch também menciona que certos cultos afro-brasileiros de ayahuasca “veneram espíritos indígenas (caboclos)”, entre eles a Cabocla Jurema, “uma personificação da Mimosa tenuiflora“.

Por fim, aqui está um link para a música “Folha de Jurema” (publicada originalmente em muitas versões como “Nem Ouro Nem Prata”). Como é, exatamente, que está chovendo com trovões e relâmpagos sob um céu azul em um dia perfeitamente ensolarado? Que poderes formidáveis essa planta exerce no reino da floresta governado pelo orixá afro-brasileiro Oxóssi?

Mimosa tenuiflora (Fabaceae)

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